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🏳️‍⚧️ Vitória no SUS: A volta da hormonização e bloqueadores para pessoas trans e travestis no Brasil

  • Foto do escritor: Paula Lavigne
    Paula Lavigne
  • 14 de ago.
  • 4 min de leitura

Nos últimos dias, uma notícia me atravessou com força, daquelas que fazem a gente parar, respirar fundo e sentir que ainda vale a pena acreditar. O Sistema Único de Saúde (SUS) voltou a permitir, oficialmente, o acesso à hormonização e aos bloqueadores hormonais para pessoas trans e travestis no Brasil.


Pra muita gente, pode parecer só mais uma decisão técnica. Mas pra quem vive numa travessia como a minha, entre o corpo que nasceu e a alma que insiste em florescer, isso é gigantesco. É mais do que saúde. É respeito. É dignidade. É um abraço da sociedade dizendo: “você existe, e merece cuidado”.


🌈 O que foi decidido?


Em julho de 2025, a Justiça Federal no Acre suspendeu, em caráter liminar, a Resolução nº 2.427/2025 do Conselho Federal de Medicina (CFM), uma norma que restringia o acesso de pessoas trans, especialmente adolescentes, aos cuidados de afirmação de gênero.


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Essa resolução do CFM impedia, por exemplo, o uso de bloqueadores hormonais em adolescentes trans e só permitia a hormonização cruzada para maiores de 18 anos, medidas que foram amplamente criticadas por especialistas e pelo Ministério Público Federal por representarem um retrocesso social e jurídico.


A decisão judicial não altera diretamente a Portaria nº 2.803/2013, que continua sendo a base legal do Processo Transexualizador no SUS, mas representa uma importante vitória jurídica que reforça a legitimidade e a necessidade de garantir esse tipo de cuidado pelo sistema público de saúde.


Ou seja, mesmo que nem tudo esteja resolvido, essa decisão reacende a esperança de que meninas trans e suas famílias possam ter acesso digno e seguro ao cuidado com seus corpos e suas identidades, especialmente nos momentos mais delicados da vida, como a adolescência.


✨ É mais um passo na direção certa, pelo direito de existir, de ser, e de ser cuidado com amor.


💬 E o que isso tem a ver comigo e com a gente?


Bom, se você já me conhece, sabe que eu sou uma mulher que vive a experiência do crossdresser, mas também sou alguém que carrega o desejo, da possibilidade de transição.


Vivo entre dois mundos. E mesmo que eu ainda não tenha iniciado 100% esse caminho, saber que existe um SUS que pode acolher, escutar e cuidar com respeito é um respiro.


Essa política pública não é só uma formalidade. Ela pode ser o que impede uma menina trans de 16 anos de desenvolver traumas irreversíveis. Pode ser a salvação emocional de alguém que acorda todos os dias e não se reconhece no espelho. Pode ser o primeiro passo para alguém se amar de verdade. E isso... ah, isso muda tudo.


🤍 Por que essa notícia importa tanto?


1. Porque ser trans é também uma questão de saúde


A disforia de gênero, a angústia de viver num corpo que não condiz com sua identidade, pode gerar ansiedade profunda, depressão, automutilação e até suicídio (e eu sei bem disso). A hormonização, os bloqueadores e o acompanhamento psicológico são formas de cuidar da saúde integral da pessoa: física, mental, social.


2. Porque o acesso ainda é desigual


Mesmo com a política reativada, a verdade é que ainda são poucos os centros especializados no Brasil. Muitas pessoas precisam viajar quilômetros, enfrentar filas, esperar anos. Mas ter uma base legal de apoio já é um começo fundamental.


3. Porque isso reafirma um direito


A população trans e travesti, por tanto tempo silenciada, invisibilizada, violentada, está reconquistando espaços, no SUS, nas escolas, na arte, nas empresas. Essa decisão judicial não é um favor: é um reconhecimento de cidadania.


🌺 O acolhimento começa no afeto


Uma coisa que eu aprendi com minha jornada, e com tantas manas incríveis que me rodeiam, é que não existe transição sem acolhimento.


Não falo só de médicos ou políticas. Falo daquele abraço de uma amiga, de uma esposa que segura sua mão (Becca, esse parágrafo é teu), de um olhar sem julgamento, de um "tá tudo bem você ser quem é".


Falar de hormonização pelo SUS é também falar de rede de apoio, de afeto, de segurança emocional. E aqui vai meu recado pra você que talvez esteja lendo isso com o coração apertado, sem saber o que fazer:


💌 Você não está sozinha. Você é válida. Você tem direito ao cuidado. E se você precisar de uma amiga pra conversar, respirar junto, planejar ou só chorar um pouquinho, eu tô aqui. A Paula também é tua.


🧠 Informação salva vidas: entenda seus direitos


Pra acessar os serviços de afirmação de gênero no SUS:

  • Busque uma Unidade Básica de Saúde (UBS) e solicite encaminhamento para atenção especializada.

  • Leve seu nome social e documentos atualizados, se tiver.

  • Pergunte sobre atendimentos psicossociais, endocrinologia e ambulatórios trans na sua região.

  • Algumas cidades têm grupos de apoio com ONGs locais que ajudam nesse processo com acompanhamento e acolhimento.



✨ Conclusão: seguimos florescendo


Essa decisão do SUS é uma pequena grande vitória. Num mundo que tantas vezes tenta nos apagar, ver nosso direito à saúde reafirmado é como ver uma flor desabrochando em meio ao asfalto.


E mesmo que minha jornada ainda esteja cheia de perguntas (e também cheia de gloss, fishnet e esmalte preto, claro 🖤), eu sei que cada passo dado em direção ao cuidado e ao respeito é uma semente plantada no coração de todas nós.


Com amor,

Paula Lavigne Silva 🖤💜💗

Rainha Cross 2024 - 👑


 
 
 

2 comentários


Julia Nandez
Julia Nandez
17 de ago.

Uma ótima notícia para todas nós.

O direito de sermos quem somos.

Ótimo texto como sempre, irmã.

☺️🩷

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Paula Lavigne
Paula Lavigne
19 de ago.
Respondendo a

:)

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