Apenas um dia por vez: a liberdade de ser quem somos
- Paula Lavigne

- 8 de jul.
- 2 min de leitura
Hoje eu tive uma conversa com uma amiga muito querida. Ela estava angustiada, se cobrando por ainda não saber “o que é”, se é cross, se é trans, se está certa ou errada por experimentar. E eu disse pra ela o que eu gostaria de ter ouvido lá atrás, quando tudo em mim era confusão e silêncio: tá tudo bem não saber. Tá tudo bem experimentar. Tá tudo bem se descobrir aos poucos.

A gente vive em um mundo que cobra rótulos, definições, certezas. Mas a verdade é que nós somos processos, somos caminhos em constante construção. E não tem problema algum se um dia você quiser se montar toda, e no outro não. Não existe um jeito certo de ser você. O que existe é o respeito pelo seu próprio tempo.
Ser você mesma: a dor e a beleza de se libertar
Falar isso agora parece fácil, né? Mas eu sei bem a dor que existe por trás dessa jornada. Sei o que é se olhar no espelho e sentir medo. Medo de se reconhecer, medo de se assumir. Medo de decepcionar quem está ao seu redor. Medo de machucar quem você ama... mesmo sem querer.
Porque é isso: a gente não quer causar dor. A gente só quer viver em paz dentro da própria pele.
Mas não tem manual. Não tem fórmula mágica. Tem só a gente, com nossa criação, com o tempo em que vivemos, com os traumas, as dúvidas, os erros... e, acima de tudo, com um medo imenso de perder tudo o que construímos até aqui.
É muito simples quando alguém diz:"Você precisa viver sua verdade". Mas como explicar que essa vida que temos hoje foi conquistada com tanto esforço, tantas renúncias, tantos pactos de sobrevivência? Como aceitar que talvez tenhamos que abrir mão dela para viver uma nova?
Às vezes parece ser um jogo cruel de perder ou perder: Ou perdemos a vida que conhecemos, nossa zona de conforto, nosso "lar"... Ou perdemos a nós mesmas. Nos adoecemos. Morremos por dentro. E chega um ponto em que o corpo cobra, a alma grita.
Porque ninguém consegue não ser quem é por muito tempo sem se despedaçar aos poucos. E as vezes muito tempo, pode de fato ser MTO tempo... 30, 40, 50 anos...
Pertencer é o que salva
É por isso que acolher, lutar, apoiar e ter orgulho não é só militância. É sobrevivência. É saber que a gente não tá sozinha, que existe espaço pra ser quem somos.
Porque se sentir uma aberração, um erro, um monstro... isso é o que destrói a gente por dentro.
Por isso eu venho aqui hoje pra te dizer, e dizer pra mim mesma também, como faço todos os dias diante do espelho:
Se permita. Se aceite. Lute. Viva.
Mesmo que seja um passinho de cada vez.Mesmo que seja com medo.Mesmo que doa.
Apenas um dia por vez.
Com amor,
Paula Lavigne Silva🖤💖🌈 https://www.paulalavigne.com.br








Esse texto se encaixa perfeitamente a mim Paulinha. Muito agradecida por ter vc como amiga e poder dividir tantas questões. Como é difícil vc ter certeza do que é dentro de si, mas tentar criar dúvidas vc mesma para tentar criar um cenário que seja mais fácil do que assumir. Porque no fundo, pelo menos para mim, eu procuro motivos para achar que não sei o que sou, mesmo sabendo, para me manter na zona de conforto, não perder. Porque o sentimento é o de perder ou perder. Mas temos que seguir em frente. Porque quando o corpo grita, não tem jeito. Bjsss amigaaaa
Tá bom experimentar, Paulinha.
Está tudo certo.
Tudo bem não ter certezas. Tudo bem viver com dúvidas.
Só não é tudo bem NÃO TENTAR. Não dar um passinho por dia, como vc mesma falou. Mesmo com medo. Mesmo com todas as dificuldades.
Conte com a rede de apoio. Estamos aqui umas para as outras, como você está sempre aqui para a gente, nos inspirando e estimulando a caminhar.
E obrigada por dividir. Ajuda muito saber que os nossos sofrimentos são similares.
Beijo grande.