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Pertencimento, Crossdressing e a Bandeira Trans: Por que Estamos Juntas Nessa?

  • Foto do escritor: Paula Lavigne
    Paula Lavigne
  • 25 de jun.
  • 3 min de leitura

Vivenciar o crossdressing é muito mais do que uma escolha de estilo ou uma brincadeira com a moda. Para muitas de nós, é uma porta de entrada para um universo mais profundo de autoconhecimento, expressão de identidade e, acima de tudo, pertencimento. Mas será que existe espaço para o crossdressing dentro da comunidade trans? A resposta é: sim, com certeza!

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Neste post, vamos conversar sobre como o crossdressing se conecta com a diversidade da comunidade LGBTQIA+, especialmente com a letra T, de Trans. Vamos entender o que é, de onde vem, por que é legítimo e necessário, e como o International Crossdressing Club (ICC) tem sido um espaço de acolhimento e visibilidade para tantas de nós.


Crossdressing: prática, identidade ou expressão?

O crossdressing é a prática de se vestir com roupas socialmente associadas a outro gênero. Para algumas pessoas, é uma forma de arte, de liberdade estética, de brincadeira com os códigos de gênero. Para outras (como muitas de nós aqui no ICC), é uma expressão profunda da nossa identidade – ainda que nem todas as pessoas crossdressers se identifiquem como trans.


Mas é importante lembrar: a vivência do crossdressing está inserida em um contexto de gênero. Não é apenas “usar uma roupa”. É sobre o que sentimos, como nos enxergamos no espelho, e como o mundo nos vê. E isso, por si só, já faz parte da discussão sobre identidade de gênero.


A bandeira trans e o espaço do cross

A bandeira trans foi criada por Monica Helms, uma mulher trans e veterana da Marinha dos EUA, em 1999. Ela é composta por cinco faixas horizontais: duas azuis (tradicionalmente associadas a meninos), duas rosas (associadas a meninas) e uma branca ao centro. A faixa branca representa as pessoas em transição, as pessoas não-binárias, as intersexo e aquelas que têm um gênero fluido ou indefinido.


Ou seja: a própria bandeira já acolhe a fluidez. Já reconhece que nem toda experiência trans se encaixa em uma narrativa tradicional de “nascido num corpo errado e em transição médica”. Tem espaço para todas as formas de viver e experienciar o gênero – e o crossdressing entra exatamente aí.


Dados e vivências: o que dizem os estudos?

Segundo a pesquisa “Transgender Identity and Experiences Survey” da organização americana NCTE, muitas pessoas que hoje se identificam como trans tiveram, em algum momento, uma vivência com o crossdressing como forma de experimentar o feminino (ou o masculino) de forma segura.


Além disso, estudos em psicologia de gênero apontam que o crossdressing pode ser o primeiro passo para que pessoas descubram que são trans ou genderfluid. Mas mesmo para quem não segue por essa jornada, o direito de expressar o gênero livremente precisa ser defendido.


No Brasil, onde os dados são mais escassos, sabemos que a transfobia ainda é muito presente – e pessoas que se expressam de forma não normativa, como crossdressers, também enfrentam violência, rejeição familiar e exclusão social. Por isso, nos unirmos é vital.


Comunidade, afeto e transformação

No ICC, a gente acredita que o pertencimento vem do amor. Do reconhecimento. Da liberdade de ser quem somos – mesmo que esse “ser” mude ao longo da vida. Muitas pessoas crossdressers, o praticam como uma expressão legítima de gênero e faz parte da diversidade representada pela bandeira trans. No ICC, celebramos o pertencimento, a liberdade e o amor por todas as formas de ser aqui as cross e trans encontram na comunidade não só apoio, mas espelhos. Um lugar seguro pra se olhar com carinho e dizer: “eu pertenço”.


E você, que se monta, que sonha, que se olha no espelho e vê uma outra versão de si – você faz parte da nossa bandeira. Você tem lugar, tem nome, tem história. E ela importa.


Por que o crossdressing também é político

Assumir-se como crossdresser em uma sociedade cisnormativa e binária é um ato de coragem. É desafiar os padrões. É reivindicar a liberdade de ser múltipla(o), de habitar o próprio corpo com verdade e criatividade. É também um gesto político, que abre caminho para mais visibilidade, mais empatia e mais direitos.


A bandeira trans não é um território fechado. É um abraço aberto. E o crossdressing, enquanto prática de expressão de gênero, enquanto jornada pessoal ou coletiva, faz parte dessa história.


Finalizando com o coração aberto

Se você é crossdresser, se sente diferente, se está em dúvida ou já tem certeza sobre quem é: você não está só. A comunidade trans e o ICC estão aqui pra você. Pra gente rir, chorar, se montar, se desmontar, se amar.


Juntas, somos mais fortes. Juntas, somos visíveis. Juntas, pertencemos.

 
 
 

1 comentário


Julia Nandez
Julia Nandez
04 de jul.

Cross e trans podem viver e lutar juntas...

Ótimo texto, Paulinha.

😊💕

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Paula Lavigne Silva 2025

Criação e Design:

Deborah Pausini | Studio Debbi de Criação

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